GOVERNANTA
Neide não pára e me deixa maluca. Tem mania de limpeza e de organização. Chega a ser um transtorno obsessivo. Seu estranho prazer inenarrável porque limpou de novo o armário e arrumou pela quinta vez todas as roupas das meninas chega a preocupar. E fica atrás de mim o dia inteiro: quando foi a última vez que você limpou o feltro do exaustor? eu: sei lá, nunca, nem sabia que tinha feltro no exaustor, aliás mal sabia que eu tinha um exaustor. E ela, incansável: onde tem uma chave philips? Qual foi a última vez que a grade do forno foi limpa com sapólio limpa-forno? Você já deu água assustada para a Lolô (leia-se Manu, ela troca sempre). eu: quê? A nenê tá assustada, tem que jogar água quente na fria, a água assusta, aí a gente dá pra ela e ela fica calma, calma. E mais: a onde foi parar a tampa da mamadeira? O Bernardo fez tosa higiênica ou meia tosa? Você saba onde está o manual do purificador de água? Onde você guarda o saco de pôr roupa para lavar na máquina? Você precisa fazer uma lista diária do que nós temos que fazer. Seu ferro a vapor está quebrado. Vamos levar o edredon da sua cama numa lavanderia da Pompéia para tirar aquela mancha do lado esquerdo. Eu usei Vanish difícil para tirar a mancha do colarinho daquela camisa branca do Marcelo. Você foi no mercado e não troxe Semorin. É uma questão de zelo. É uma questão de zelo. É uma questão de zelo. Eu já esterilizei tudo. Eu já esterilizei tudo. Eu já esterilizei tudo.
Hoje, ela ensinando a Lolô:
- Tem que tirar o uniforme quando chega da escola. É mais ou menos uma rotina diária no seu dia-a-dia, entendeu?
Pai Amado.
Acho que vou reduzir minha licença ou amordaçar a criatura.
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