segunda-feira, 10 de março de 2008

TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO

Um bebê de dois meses leva em média vinte minutos para mamar. O intervalo entre as mamadas dura em torno de três horas, sendo que fazer o bebê arrotar e trocar sua fralda pode consumir quarenta minutos dessas três horas.
Tenho pois duas horas e vinte livres. Nesse tempo é possível fazer muitas coisas ou não fazer nada, das duas formas você pisca e é hora de dar de mamá de novo
Faço sempre muitas coisas.
Prefiro assim. Não fazer nada nos intervalos me faz pensar. Pensando fico antecipando o que será daqui a três meses, daqui a um ano, daqui a dez. Pensando faço planos de previdência, calculo que tenho visto pouco os amigos e a família (sendo que os vejo sempre que possível), imagino como seria não ir ao Verinha e ver a Lolô e o Tom gargalhando em cima daquele carrinho de quatro rodas empurrado pelos amiguinhos, imagino quantas gargalhadas banguelas da Manu eu perderei por dia quando voltar ao trabalho, vejo tudo o que tenho, quantos livros, quantos cds, centenas de dvds. Mas nunca vou ter tempo de ver e ler e ouvir tudo isso! E isso me deixa agoniada.
Passei dias com vontade de ouvir uma música do Paulinho da Viola. O que é mais importante: ouvir uma música a pedido do coração ou ler o jornal por puro ritual?
O que fazer com o tempo?
Me peguei pensando nisso dentro do táxi, quando aproveitei o intervalo entre as mamadas para ir dar um abraço na Fê, que estava se despedindo da sua amada dona Gema.
Um belo dia o tempo acaba.
Ai, dói.

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