quinta-feira, 6 de setembro de 2012

OS QUARENTA SE APROXIMAM

Filhas, Quando a mamãe tinha a idade de vocês, minha mãe já tinha seus quarenta e poucos anos. Naquele tempo minha mãe e suas amigas eram loiras, fumantes, charmosas, meio nervosas e com pouca paciência para tudo o que atrapalhesse seu mundo que já andava em guerra hormonal e existencial. Os anos 80 eram famosos pelos seus exageros e ostentações e eu me lembro de espiar tudo aquilo achando grave ser adulto. Hoje tenho 38 anos e começo a entender a minha mãe com a minha idade. Perto dos quarenta a gente se confunde toda. O trabalho, o casamento, os filhos, os ideais, o dinheiro, a fé, a saúde, o tempo, o passar do tempo, o medo de perder quem a gente ama dividindo espaço com a tenra infância dos filhos tão nossos ainda. Medo também de perder a juventude, a beleza, a disposição. Nessa fase a gente sabe que está exatamente no melhor trecho da nossa viagem e, meu deus, quer muito despertar todas as nossas células para poder sentir esse tempo bom em que somos mães e ainda filhas, ainda temos saúde, disposição e até uma beleza melancólica de quem tem sonhos desproporcionais a coragem de uma década atrás. Essa fase é muito intensa. Resolvi escrever isso ontem, depois que o papai me falou que quando me vê com vocês parece estar assistindo a uma peça da Juliana Galdino, uma diretora de teatro famosa por criar personagens antagônicos que monologam textos que vão da doçura à loucura no primeiro minuto do primeiro ato. O importante é que eu estou prestando atenção e conseguindo rir de mim mesma. Filhas, seu pai vale ouro.

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