FRANGO DE PADOCA
Hoje, domingão, eu, minha mãe, Lolô e Tin almoçamos um frango de padoca com farofa.
Assim como o cheiro e a música, o sabor também me transporta para outros tempos.
Frango assado aos domingos me lembrou de quando enchíamos a sacola de feira com cascos vazios de tubaina e Coca família para comprar os refrigerantes para o almoço na casa da vovó Martha. Lembrei que o frango assado ia à mesa e eu, meus primos e irmão disputávamos a pele crocante como se fossemos gladiadores, arrancando o quanto podíamos dela com a mão, direto na assadeira.
Meu primo Leandro às vezes saía da mesa e se plantava em frente da tv preto e branco onde passava o Silvio Santos. A família inteira berrava para ele sair da frente, porque todo mundo queria ver o Pablo no "Qual é a música", ou adivinhar a palavra do "Roletrando" mas ele não ouvia ninguém. Ficava vidrado, estático, nariz grudado na pequena televisão. Precisava alguém arrancar ele de lá pela orelha. Aí começava um fusuê. Ele chorava e xingava todo mundo, tio Mundo ficava nervoso, Titá defendia ele, minha avó saía em protesto e ia lá fora na calçada, se encostava no muro da casa dela com as duas mãos para trás.
Eu torcia tanto para ele parar de berrar e espernear, para o tio Mundo e a tia Cristina se acalmarem, para a minha avó não ficar chateada mas não adiantava, minha família era uma bomba relógio e quando ela explodia não tinha o que segurasse.
Frango assado no domingo sem barulho não é a mesma coisa.
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