segunda-feira, 20 de maio de 2013

SOBRE MINHAS FILHAS, MEU PAI E AS DEMONSTRAÇÕES

Logo cedo se aprende a querer bem. Não sei exatamente quando e nem se isso é coisa que alguém ensina ou que se consegue por um estalo divino. Quero o bem-querer na minha casa. Quero que vocês, filhas, cuidem uma da outra. Às vezes paro o carro na frente da escola, as duas saltam, uma não espera a outra. Fico aborrecida. Amem-se, é lei, eu tenho vontade de gritar pelo vidro. Mas lei não é. Meu irmão não me esperava.Meu pai tem 82 anos de idade, de dois anos prá cá teve um problema sério neurológico. Perdeu muito da sua capacidade cognitiva, perdeu um pouco da memória, a velocidade dos passos, perdeu a carta, perdeu a condição de exercer sua profissão mas nunca, nenhum dia perdeu a dignidade e a gentileza.Tão difícil para ele ir do quarto à sala. Quanto mais sair pelas ruas.Mas era dia das mães. Ele conseguiu um táxi, saiu sozinho, procurou a loja melhor, fez questão de homenagear a mamãe. Voltou depois de algumas horas, dizem que levando um embrulho com um lindo presente: uma camisa. M. Ele me vê magra, mamãe ri.Fico tentando me lembrar se olhei bem nos olhos do meu pai e agradeci por cada gesto desse. E se agradeci por ter aprendido com ele o que é cuidado.

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